O aniversariante de
hoje é uma pessoa particularmente querida de muitos dos professores de Matemática desta escola, que foram seus alunos
e que aqui lhe fazem uma singela homenagem.
José Cardoso Morgado Júnior foi um matemático
português, cujo trabalho científico se repartiu essencialmente em 3 áreas:
Teoria de Reticulados, Teoria de Grupos e Teoria dos Números. Nasceu a 17 de
Fevereiro de 1921, em Pegarinhos, a aldeia trasmontana da região duriense a que
ele se referia com orgulho e ironia provocatória, como a “capital do universo”.
José Morgado fez os
seus estudos superiores na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto,
tendo-se licenciado em Ciências Matemáticas no ano de 1944. À semelhança do que
aconteceu com toda uma geração verdadeiramente excecional em toda a história da
Matemática em Portugal, José Morgado foi afastado do ensino oficial por razões
políticas e durante cerca de 13 anos viveu dando lições particulares a
estudantes do ensino superior. Foi preso diversas vezes e foi na prisão que
escreveu o primeiro volume de Reticulados,
publicado em 1956 pela Junta de
Investigação Matemática.
Em 1960 foi contratado
como professor de matemática da Universidade Federal de Pernambuco, onde
desempenhou um papel fundamental, juntamente com Ruy Luís Gomes.
Regressou a Portugal
no Verão a seguir à Revolução de 25 de Abril de 1974 e foi nomeado professor
catedrático do Grupo de Matemática Pura da Faculdade de Ciências da
Universidade do Porto, onde permaneceu até ao fim da sua carreira. Depois de jubilado,
em 17 de Fevereiro de 1991, por atingir o limite de idade, ainda regeu cadeiras
de opção durante 7 anos letivos.
Como professor, José Morgado destacou-se pela sua dedicação, pela clareza da
exposição, pelo permanente diálogo com os alunos, pela motivação e dinâmica que
caraterizavam as suas aulas. Transcrevemos aqui as palavras de dois dos seus
alunos, em José Morgado: in memoriam, que traduzem o sentimento de tantos
outros:
“Ambos ficamos rapidamente fascinados pelas aulas do mestre, cativantes
pela riqueza do conteúdo, acrescida de observações históricas que cedo nos convenciam
que a Matemática era feita por seres humanos como nós, enebriantes pelo ritmo
intenso e apaixonado mas não apressado, acessível a todos, numa combinação mágica
que faziam das suas aulas uma experiência única. …. Do contacto mais directo com
o mestre, pudemos sentir o enorme respeito pelos outros e a permanente disponibilidade
para todos ouvir, aconselhar e ajudar.”
Assim era o Professor José Morgado...
Assim era o Professor José Morgado...
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ResponderEliminarQuando me recordo dos professores que tive na faculdade lembro aqueles que me marcaram quer pela positiva quer pela negativa. Dos outros já quase nem lembro o nome. Mas o professor Morgado está no topo das melhores recordações. Ainda hoje conto a alunos meus algumas histórias que ouvia ao professor.Desejo-lhe ainda bons anos de vida.
ResponderEliminarIsabel Chaves